O empresário Hamilton Santana confirmou nesta quinta-feira, 15, que o restaurante Cariri, localizado na Orla de Atalaia, encerrará as atividades no dia 20 de abril. Segundo o proprietário, a crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19 e a falta de incentivo financeiro dos agentes públicos tornou a continuação do negócio insustentável. O estabelecimento está aberto há 21 anos e se tornou uma das principais referências em culinária nordestina da capital.
“Eu estou muito triste. É como se eu estivesse prestes a enterrar um filho. E eu sei exatamente o que é essa dor, porque eu já enterrei uma filha”, lamenta Hamilton. O empresário diz ainda que já fez uma reunião com os 83 funcionários e informou sobre a decisão tomada. “Foi muito difícil chegar a esse momento porque muitos precisam dos empregos. Mas eu não tenho mais dinheiro para honrar com o salário”, explica.
Ainda segundo Hamilton, o setor de bares e restaurantes não teve um olhar mais sensível por parte dos agentes públicos. “Eu mesmo nunca entendi o porquê de a gente não poder funcionar seguindo as normas de saúde direitinho, com o uso de máscara e distanciamento”, afirma. “Enquanto isso, desde o começo da pandemia a gente vê ônibus e terminais lotados”, argumenta.
Hamilton do Cariri, como ficou conhecido graças ao sucesso do restaurante, relata ainda que desde que a pandemia começou, encontrou inúmeras dificuldades, principalmente para conseguir a concessão de um empréstimo afim de levar o negócio adiante. “Teve banco que pediu até a certidão de óbito da minha mãe”, desabafa. “Fui tocando o restaurante até onde pude”, completa.
Para Hamilton, é difícil imaginar que daqui a alguns dias terá que ver o lugar que tanto ama com as portas fechadas. “Eu sempre valorizei nossa cultura. Mas, infelizmente, os governantes não pensam assim e nem investem em turismo”, avalia. “Eu posso dizer que perdi a esperança. Mas não perdi a fé nem a dignidade. Meu desejo é poder reabrir novamente algum dia. Espero que não seja um ‘adeus’. Mas sim um ‘até breve’”, desabafa emocionado.
por João Paulo Schneider