É com pesar que digo isso, “o sistema educacional brasileiro é um atraso de vida”, o governo impõe um programa unificado para pessoas completamente diferentes, como se as pessoas fossem meros robôs que pudessem ser programados ao gosto e/ou a necessidade do dono.
Foi notícia no Brasil há um tempo atrás o caso da estudante Elisa de Oliveira Flemer, de 17 anos, a mesma ficou em 5º lugar na lista de aprovados em Engenharia Civil da Escola Politécnica da USP, por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), mas não pôde fazer a matrícula por não ter o diploma do Ensino Médio, uma vez que ela é adepta do homeschooling (escola em casa).
Trocando em miúdos a situação é a seguinte: de acordo com o sistema educacional brasileiro o que vale é o diploma e não necessariamente o conhecimento, ou seja, o aprendizado extraclasse não vale “bulhufas” nenhuma, pois o conhecimento precisa ser chancelado por uma escola, gerenciada pelo “deus MEC”
Isso beira o ridículo, conheço muitas (não são poucas) pessoas sem diplomas que são excelentes profissionais e em contrapartida muitas outras cheias de diplomas/certificados que não passam de um “banana”, estamos cheios de pesudointelectuais, cheios de títulos, gaveta cheia de diplomas, mas conhecimento zero. Aliás de um tempo “pra cá” o diploma se tornou uma grande obsessão, mesmo que seja para ficar guardado na gaveta enchendo de poeira ou exposto em um quadro como um troféu.
No caso em questão a situação ainda é mais ridícula porque a aluna passou em um processo seletivo concorrido, será que isso não o suficiente para chancelar o seu conhecimento? Não, não vale porque ela tecnicamente ela não estudou, fico sem palavras para explicar tamanhão absurdo, é claro que na justiça ela vai acabar conseguindo o direito a fazer a matrícula, porque nenhum juiz em sã consciência vai negar a essa jovem esse direito, porém será uma perda de tempo, dinheiro e um desgaste desnecessário.
A moça passou a praticar voluntariamente o homeschooling em 2018, porque não conseguia se adaptar ao sistema de ensino regular, segundo a própria aluna, ela aprendia rápido demais e as escolas não atendia a necessidade dela, porque o ensino é unificado e precisa frear alunos superdotados para esperar os que aprendem de forma mais lenta.
O mais cômico dessa história é que a aluna mudou de escola algumas vezes em busca de uma unidade de ensino que atendesse a sua necessidade, mas não conseguiu, em uma das escolas a aluna pediu para ficar na biblioteca após ela terminar as tarefas normais das aulas “…mas eles disseram que isso não era permitido pela lei”, ou seja, só permitido estudar dentro das quatro paredes da escola com aquele “sábio” que está lá transmitindo todo o seu conhecimento, há propósito, o grande sábio tem um diploma.
A ditadura do sistema educacional informa que para aprender é preciso obedecer um padrão universal, desconsiderando que as pessoas são diferentes, aprendem em ritmos diferente, tem habilidades, aptidões e gostos diferentes. Não nos parece justo e inclusivo querer robotizar as pessoas isso não é democracia é a ditadura da educação. Eu (Professor Valverde) sempre fui para recuperação de matemática, tirei zero, perdi de ano, mas hoje eu sou professor de História, já pensou se não me aprovassem porque não aprendi matemática?
Não faz sentido esse nosso sistema de ensino que não aceita o diferente, precisa ser padrão senão não vale, conheço muitas pessoas bem-sucedidas profissionalmente que tiveram um péssimo desempenho escolar por não se adaptarem ao sistema, mas hoje são ótimos empresários, comerciantes, motoristas e diversas outras profissões que não precisam do bendito diploma e são felizes assim, nem todo mundo que está na escola quer ser acadêmico e até uma moça que tem uma tendência natural para ser uma acadêmica o sistema diz que não pode porque lhe falta um bendito diploma do ensino médio, pois segundo algumas almas “sacrossantas” que estão supostamente trabalhando em salas climatizadas ditaram as regras infalíveis e por isso inflexíveis e todos agora precisam seguir sob pena de ser um desobediente e um péssimo professor.
Dá próxima vez que levar meu carro na oficina vou pedir para o mecânico que me apresente o seu diploma, se ele não tiver não deixo mais ele consertar meu carro, e olhe que ele conserta muito bem, faz meia dúzia de testes e em pouco tempo me passa o diagnóstico e resolve o problema, mas se ele não tiver diploma não vale.
Um pedaço de papel carimbado e assinado se tornou mais importante do que o conhecimento prático de fato, não tenho a intenção neste artigo de diminuir a importância dos centros acadêmicos e nem tão pouco dos conhecimentos ali partilhado, mas é preciso deixar claro que a Escola/Universidade não é o único lugar de aprendizado e conhecimento, pena que formalmente tais lugares ainda tem o monopólio do conhecimento.
Por Reinaldo Valverde Pereira, (Professor Valverde), Licenciado em História, Bacharel em Teologia, Pós-graduado em Metodologias em EAD e Docência no Ensino Superior, atua professor da rede pública da Bahia e Sergipe, atua também como Jornalista sem diploma no Portal de Notícias Simão Dias Como Eu Vejo.