A médica Paula Cavallaro, que acompanhava a cantora Paulinha Abelha, que morreu no mês de fevereiro em decorrência de meningoencefalite, hipertensão craniana, insuficiência renal aguda e hepatite, falou em uma rede social, na terça-feira (7), que sofreu acusações injustas durante o período em que a cantora esteve doente até a divulgação do laudo final. A primeira vez que ela se manifestou sobre a morte e o tratamento da cantora foi no mês de abril.
“Algumas pessoas utilizaram as redes sociais para me difamar, onde sofri acusações injustas, que não afetaram só a mim, mas prejudicaram também, outros profissionais médicos, e a muitos pacientes que interromperam seu tratamento em razão das inverdades disseminadas maldosamente nas redes sociais”, disse.
A médica afirmou estar preocupada com pessoas que necessitam de acompanhamento médico, e que interromperam ou deixaram de buscar tratamento pelo medo causado por essas acusações infundadas.
Paula Cavallaro voltou a falar que Paulinha Abelha cuidava da saúde com hábitos bons e comidas de verdade. E reiterou que como parecer médico, divulgado em 31 de março, descartava que a morte tivesse ligação com o uso de medicamentos prescritos por ela.
Outros exames
Exames da cantora já haviam sido divulgados pela assessoria jurídica da banda, entre eles um teste toxicológico que testou positivo para anfetaminas, — encontradas em remédio já utilizado pela cantora junto com outros medicamentos para controle do peso — e barbitúricos, possivelmente presentes em sedativos administrados durante a internação de Paulinha.
O resultado de uma biópsia indicou lesão hepática aguda com inflamação e morte das células que formam o fígado, o que poderia ter sido causado pelo uso de medicamentos para emagrecer. Entre eles, um estimulante anfetamínico.
O resultado de um exame que avaliou a situação dos rins da cantora Paulinha Abelha revelou que ela possuía lesões graves.
Internação após turnê
A cantora foi internada em Aracaju em 11 de fevereiro, após sentir dores logo depois de ter chegado à cidade depois de uma turnê com a banda em São Paulo.
Seu quadro se agravou rapidamente. No dia 14, a cantora foi transferida para a UTI; três dias depois, Paulinha entrou em coma. No dia 23, as lesões neurológicas da cantora se agravaram e sua morte encefálica foi confirmada (leia mais detalhes no final da reportagem).
Quem foi Paulinha Abelha
Natural do município de Simão Dias, no interior de Sergipe, Paula de Menezes Nascimento Leça Viana, trabalhou com pai comercializando em feiras livres. Começou a carreira como cantora profissional na banda Panela de Barro, onde fez dupla com o cantor Daniel Diau.
Os dois voltaram a cantar juntos na Calcinha Preta, que também é composta, atualmente, por Silvânia Aquino e Bell Oliver. A história na banda tem idas e vindas, mas começou no final dos anos 90, quando o empresário Gilton Andrade a descobriu. Ao todo, ela gravou 21 CDs e três DVDs.
A cantora foi homenageada na música que leva o seu nome, “Paulinha”. Deixou a banda em 2009 para integrar a G.D.Ó. do Forró com Marlus Viana, com quem foi casada. Em 2014, retornou para a Calcinha Preta. Em 2016, Paulinha deixou a banda para formar dupla com a Silvânia Aquino, retornando ao grupo em 2018.
Entre os maiores sucessos de Paulinha e da banda Calcinha Preta estão as músicas: “Você Não Vale Nada”, “Furunfa”, “Baby doll”, “Louca por ti”, “Sonho Lindo”, “Armadilha”, “Paulinha” e “Ainda te amo”.
A Calcinha Preta gravou um DVD de 25 anos em fevereiro de 2020 e retornava à rotina de shows após meses sem apresentações por conta da pandemia.
Antes da internação, o último compromisso do grupo foi a gravação do podcast Podpah, em São Paulo, no dia 8 de fevereiro.
Veja a cronologia da internação:
- 11 de fevereiro – A cantora Paulinha Abelha foi hospitalizada em Aracaju depois de chegar de uma turnê com a banda Calcinha Preta em São Paulo. A internação foi para tratar de problemas renais, mas a causa não foi divulgada;
- 14 de fevereiro – O quadro da cantora se agravou e ela foi transferida para a UTI. A partir daí, passou a fazer diálise;
- 17 de fevereiro – O boletim médico desse dia informou que Paulinha estava em coma e, por causa da instabilidade neurológica, não tinha condições clínicas suficientes para a transferência. No fim da noite a situação mudou e ela foi transferida para o Hospital Primavera, na Zona Sul de Aracaju, para fazer novos exames renais;
- 18 de fevereiro – O boletim médico informou que a artista permanecia em coma, clinicamente estável, com quadro de infecção controlado e respirando com o suporte de aparelho. A assessoria da cantora disse ainda que estava descartada a possibilidade de morte cerebral, e que naquela tarde ela passaria por mais uma sessão de hemodiálise. Segundo a assessoria, Paulinha estava sendo submetida a um novo tratamento, que só deveria apresentar resposta em 72 horas. Com relação à transferência para hospital de outro estado, a assessoria informou que não havia previsão de quando poderia acontecer;
- 19 de fevereiro – No fim da manhã do sábado, novo boletim informava que após a investigação com exames complementares, foi afastada a possibilidade da cantora estar com “doenças infecciosas de interesse epidemiológico para a comunidade”. O documento não trouxe mais detalhes sobre quais doenças seriam essas. À noite, os médicos informaram que ela estava intubada e em coma persistente;
- 20 de fevereiro – Segundo o boletim médico do domingo, a cantora apresentou quadro neurológico grave e permanecia internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela também continuava em coma e intubada;
- 21 de fevereiro – na segunda-feira, a artista seguia com quadro neurológico grave, sem sinais de instabilidade hemodinâmica, respirando com a ajuda de aparelhos e necessitando de diálise.
- 22 de fevereiro– Na terça, de acordo com o boletim, ela permanecia com o quadro neurológico grave inalterado, sem necessidade de medicamentos para ajuste da pressão, respirando com a ajuda de aparelhos e necessitando de hemodiálise para ajuste da função renal. No final da tarde, os médicos que acompanhavam a cantora concederam entrevista coletiva e definiram o estado de coma dela com o nível 3 na Escala de Glasglow, que se caracteriza como o mais profundo.
- 23 de fevereiro- O último boletim divulgado pelo hospital, no começo da tarde de quarta-feira informou que a cantora permanecia em coma com quadro neurológico grave inalterado, respirando com a ajuda de aparelhos, fazendo hemodiálise e em monitoramento contínuo das disfunções neurológica, renal e hepática. À noite, o hospital emitiu a nota de falecimento.
Fonte: G1/SE
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