É lamentável que a cada 13 de maio a data da abolição da infame escravidão no Brasil seja usada para todo tipo de insanidade e militância ideológica e não como um momento propício para estudo, reflexão, discussão de um assunto fundamental da nossa história. O 13 de Maio de 1888 deve, sim, ser celebrado e incentivar debates e soluções para o racismo e para os problemas enfrentados pelos nossos irmãos brasileiros.
Por ter sido uma parte infame da nossa história, com consequências que se prolongam até hoje, é que o assunto deve ser mais conhecido por todos nós, além de ser estudado e ensinado com rigor e seriedade, e não com base em achismos e reducionismos ideológicos. E é precisamente por achismos e reducionismos que em todo 13 de maio abundam opiniões superficiais baseadas em ideologias, mas sem qualquer embasamento histórico.
A escravidão no Brasil é assunto de uma complexidade monumental que registra desde os diversos tipos de violência contra os escravos até os exemplos de homens negros livres, bem-sucedidos e influentes em suas áreas, tais como o Barão de Guaraciaba, Antônio P. Rebouças e os seus filhos Antônio e André, Paula Brito, Luiz Gama e tantos outros que eram exemplos que expunham a contradição interna do sistema escravocrata no Brasil.
Foi graças ao trabalho e luta de muitos brasileiros, anônimos e conhecidos, que se construiu as condições políticas necessárias para as leis abolicionistas. Na política, haviam defensores e críticos da abolição tanto no Partido Conservador quanto no Partido Liberal. E quase ninguém sabe que todas as leis abolicionistas foram aprovadas por governos conservadores. Visconde do Rio Branco, Zacarias de Góis e Vasconcelos, Visconde de Inhomirim, João Alfredo Correia de Oliveira são alguns exemplos de políticos conservadores que atuaram pelo fim da escravidão no Brasil, além, claro, da Princesa Isabel, cujo papel histórico não pode ser minimizado.
O 13 de Maio deve, repito, ser celebrado pelo que foi e porque abre uma oportunidade valiosa para discutirmos e buscarmos soluções contra o racismo e para os problemas sociais, políticos e econômicos enfrentados por nossos irmãos.
Por Bruno Garschagen, Cientista Político.