“Luzes alvas,
Alvas luzes,
Andar ebúrneo de monge,
Onde os tapetes de arminho,
Destas miragens tão longe?”
UDILSON SOARES
(Poema Alvas Luzes)
O mundo contemporâneo é marcado por uma profunda falta de significado, muitas vezes obscuro, sem indicativo de ponto de luz. Para os jovens, são cada vez mais acessíveis soluções mágicas nas redes sociais e em equipamentos de mídia, que no final apenas reflete a escuridão de um celular e um quarto vazio. Andar parece tarefa profundamente difícil. Será que a educação pode proporcionar os tão sonhados “tapetes de arminho” para conduzir a nossa juventude a caminho “tão longe?”
Pensar o Centro de Excelência em Educação Profissionalizante de Simão Dias como uma “alva luz” reluzente para as pessoas da região, não é apenas uma “miragem” ou produto arquitetônico dos engenheiros, mas sim, uma construção social e socializante. Eis um local de encontro de pessoas para produzir técnica e tecnologia, mas, antes de tudo, produzir vida. Para romper as burocracias e o tecnicismo vazio é necessário sonhar, poetizar, dialogar e caminhar. O local precisa atuar como um espaço vivo, em que as pessoas possam estudar, aprender, compartilhar, sofrer, amar, viver.
A fortaleza erguida pelo nome, professor Udilson Soares Ribeiro, revela um ideal de ensino profissionalizante que supere o ofício (para atender o mercado de trabalho) e busque uma profissionalização formadora de seres humanos integrais que possam suprir suas necessidades, para além do material.
Uma perspectiva de homenagem não faz jus às contribuições ontológicas do simão-diense de coração (nascido em Paripiranga/BA), que dedicou toda a sua vida para ser um profissional do futuro (Network) e construir pontes de humanidade. Ser poeta, religioso, funcionário, professor não reduziram o bastião do centro profissionalizante a um profissionalismo medíocre, comprometido apenas em fazer bem a sua função (mesmo sendo o exímio profissional em tudo que fez). É possível reencarnar nome às práticas. Todos os que adentrarem este importante espaço educativo podem internalizar o desafio de ser melhores, nas palavras do poeta Udilson Soares Ribeiro, “auras do além, que brilhais”.
A trajetória da educação profissionalizante na região Centro Sul de Sergipe chega a um novo momento, não para fazer mais do mesmo, mas para atender os profundos desafios do restante do século XXI. Independente das escolhas, demandas e cursos a serem ministrados. Logo na Entrada. No cabeçalho dos documentos. No dia a dia de sala de aula. O Patrono Udilson Soares Ribeiro será, como diz intensamente no final do seu poema, “espectro de nossas vidas”.
Por Horimo Medeiros
(Sociólogo, Professor do IFS e Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente)
