Depois das fortes chuvas que assolaram diversas regiões do Rio Grande do Sul, no dia 4 de setembro do ano passado, a ponte de ferro que liga os municípios gaúchos de Nova Roma do Sul e Farroupilha não resistiu à cheia do Rio das Antas.
O governo do estado prometeu reconstruir a ponte ao custo de R$ 25 milhões, com previsão de entrega até 2025. Considerando o histórico de orçamentos e prazos estimados pelo Estado brasileiro, provavelmente o valor ultrapassaria o previsto e a data de entrega poderia se arrastar por meses a fio, correndo o risco, inclusive, de não acontecer nunca, a exemplo de tantas obras inacabadas país afora.
Descontentes com o prazo, os moradores resolveram agir por conta própria e se uniram para fazer a obra acontecer. O orçamento não chegou a um quarto do valor estimado pelo governo: R$ 6 milhões, que foram arrecadados por meio de doações via Pix de pessoas físicas – muitas delas de apenas alguns centavos – e com a venda de ingressos para shows e rifas.
Além disso, o empresariado local contribuiu com R$ 3,7 milhões, o que beneficiou não só o comércio, mas também a saúde dos moradores de Nova Roma do Sul, pois sem a ponte, não é possível chegar ao Hospital Beneficente São Carlos, em Farroupilha, referência na região.
Mesmo com um orçamento muito menor, a agilidade de execução da obra foi bem maior que a estimada pelo governo: em vez de mais de um ano, foram necessários apenas 138 dias.
Este é mais um caso que escancara duas das maiores ineficiências do governo brasileiro: má administração do dinheiro do contribuinte e lentidão na prestação de serviços. Não vamos entrar no mérito de que o Brasil não tem a cultura da prevenção, preferindo colocar o cadeado depois que o ladrão arromba a porta, e nem sobre a qualidade dos serviços públicos, para que a vergonha não seja tão retumbante (vergonha nossa, claro, pois o poder público parece não estar ligando a mínima).
É como bem disse Milton Friedman: “Ninguém gasta o dinheiro dos outros com tanto cuidado como gasta o seu próprio. Se quisermos eficiência e eficácia, se quisermos que o conhecimento seja bem usado, isso precisa ser feito por meio da iniciativa privada.”
Esse é o Brasil que funciona: menos estado, mais mobilização dos cidadãos. Contra fatos não há argumentos.
Fonte: R7.com