‘Nós tínhamos um cidadão que não gostava de escola pública’ diz Lula a respeito de Bolsonaro

“Ele queria transformar o Brasil em um país de escola cívico-militar e defendia a educação em casa"

Foto: TV Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta terça-feira, de solenidade na Conferência Nacional de Educação (Conae), que ocorreu na Universidade de Brasília (UnB), e aproveitou o discurso para criticar a atuação da gestão passada na área.

O petista declarou que seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro, “não gostava de escola pública” e defendia a educação em casa, ou homeschooling. Além disso, citou as escolas cívico-militares, que deixaram de ter apoio do governo federal no ano passado.

“Nós tínhamos um cidadão que não gostava de escola pública. Ele gostaria que as pessoas pudessem ter aula em casa”, discursou o presidente, destacando que poucas pessoas têm recursos para contratar um professor particular. “Ele queria transformar o Brasil em um país de escola cívico-militar.”

O programa foi lançado pelo governo anterior e criou escolas com gestão compartilhada entre militares e civis, recebendo críticas sobre sua efetividade e casos de opressão aos alunos. Entre 2020 e 2022, a gestão Bolsonaro gastou cerca de R$ 100 milhões nessas escolas. O atual governo, porém, revogou a medida.

O chefe do Executivo citou ainda que o ex-presidente e seus aliados reprovavam constantemente as escolas públicas por uma suposta doutrinação política e por ensinar questões ligadas a gênero, que chamam de “ideologia de gênero”.

Lula voltou também a rebater as críticas sobre o aumento dos gastos públicos, especialmente dos voltados à Educação. “Gastar vai ser quando eu não investir nessas crianças e tiver que depois tirá-las da droga, tirá-las do tráfico. Enquanto eu estiver construindo sala de aula, pagando estímulo para aquele jovem estudar, eu tenho certeza de que tudo isso é investimento”, frisou.

O evento desta terça-feira reuniu entidades e lideranças do setor educacional para elaborar a proposta do Plano Nacional da Educação (PNE) 2024-2034, cujo texto foi finalizado nesta terça-feira. O documento será enviado como projeto de lei (PL) para votação no Congresso e tem como proposta registrar o compromisso com medidas para aumentar a inclusão na educação pública e diminuir desigualdades. O PNE reúne as diretrizes que deverão ser seguidas pelo governo no período de 10 anos.

Manifestações
A cerimônia foi marcada por palavras de ordem de grupos estudantis, sendo as maiores demandas a revogação do Novo Ensino Médio, bem como o aumento do gasto com Educação para 10% do Produto Interno Bruto (PIB).

Após as manifestações, Lula incentivou que os estudantes continuem cobrando o governo, mas pediu um “olho na realidade”. “Quando a gente pede mais dinheiro para alguma coisa, só tem duas formas: ou a gente aumenta a receita, ou a gente tira de alguma outra área. E todo mundo sabe que, se o cobertor não é tão grande, se você cobre a cabeça, você descobre o pé”, alertou Lula. Ele pediu aos estudantes que cobrem do Congresso a aprovação do PNE e que aprendam a convencer os opositores.

Fonte: Correio Brasiliense

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