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Ministro da Agricultura diz que Brasil não precisa mais de leilão de arroz, apenas incentivo à produção nacional

Foto: Guilherme Martimon/MAPA

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse nesta quarta-feira (3) que o Brasil não deve, por enquanto, realizar novos leilões para importar arroz. “Os preços do arroz já cederam e voltamos aos preços normais”, disse o ministro, em entrevista ao Em Ponto, na Globonews.

Ao longo do mês de maio, quando o Rio Grande do Sul foi devastado por enchentes, o governo federal anunciou que faria leilões para comprar arroz de outros países, já que o estado responde por 70% da produção. Na época, o RS já tinha colhido 80% da safra e associações afirmavam que não havia necessidade de trazer o produto de fora.

Mesmo assim, o governo seguiu com a decisão de importar. Na ocasião, o ministro afirmava que a tragédia no RS havia gerado uma especulação e alta nos preços do arroz. Em um ano, o preço do alimento subiu 30% para o consumidor, segundo dados do IBGE.

O governo, porém, teve suas tentativas frustradas. O primeiro leilão, marcado para o dia 21 de maio, foi suspenso. Já o último, que aconteceu no dia 6 junho, foi anulado pelo governo federal após indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras e conflito de interesses.

“Tivemos problemas, é fato, nós cancelamos esses leilões. Mas o fato real é que, com a sinalização de disponibilidade do governo de comprar arroz importado e abastecer o mercado brasileiro, além da volta da normalidade em estradas, os preços do arroz já cederam e voltamos aos preços normais”, disse.

“Já temos arroz, em algumas regiões do país, a R$ 19, R$20, R$ 23 e R$ 25, o pacote de 5 quilos, o que está dentro da normalidade. Então, me parece que é mais plausível nesse momento a gente monitorar o mercado, não havendo especulação, na minha avaliação não se faz necessário novos leilões”, acrescentou.

O arroz importado seria vendido em pacotes de 5 quilos por um preço tabelado de R$ 20 e teria o rótulo do governo.

Segundo dados do Procon-SP, o pacote de 5 quilos de arroz tem sido vendido, em média, por R$ 29,42 em São Paulo.

Estímulo à produção

Segundo o ministro, o governo fará reunião com a Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e representantes da indústria nesta quarta.

“Vamos buscar alguns compromissos com eles, de estabilidade de preço, de logística e frete. Eles mesmos podem nos dizer um momento, se for necessária, alguma intervenção do governo. Por ora é mais prudente, já que os preços cederam, que a gente tome outras atitudes de estímulo à produção. Não se faz necessário novos leilões de importação”, completou.

O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, também irá se reunir com o setor nesta quarta, assim como o Ministério do Desenvolvimento Agrário. A expectativa é de que seja assinado, no final do dia, um termo de compromisso e responsabilidade sobre os preços do arroz.

A Conab é uma estatal do Ministério da Agricultura responsável por gerir políticas agrícolas e por organizar leilões de compras públicas de alimentos.

Pelo acordo costurado, a Conab vai monitorar o mercado e, onde houver problema de abastecimento, o setor se comprometerá a colocar mais produto no mercado para reduzir o preço.

Pressão de produtores

Nos últimos dois meses, o governo federal foi bastante pressionado por produtores rurais sobre a necessidade de se importar arroz, já que as perdas na safra do RS não foram expressivas.

Um relatório da Conab de junho apontou que as inundações de maio geraram perdas de 100 mil toneladas na colheita de arroz no estado, o que representa 1,4% da safra total do RS, de 7 milhões de toneladas.

Após a anulação do leilão do dia 6 de junho – que previa importar 263 mil toneladas de arroz – o ministro da Agricultura foi convidado para uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, no dia 19 de junho, para dar explicações sobre a importação.

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