Lula gasta mais com ações anti-incêndios, mas derrapa no combate

O governo federal gastou R$ 63,5 milhões com prevenção e controle de incêndios florestais em 2023. Houve uma alta de 26,2% na execução dessa despesa na comparação com o ano anterior, ao considerar a inflação. Os dados são do Portal da Transparência.

O número de registros de focos de incêndio diminuiu em 5,7% de 2022 para 2023, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Ou seja, apesar do aumento dos desembolsos, não houve um freio na mesma proporção nos registros ao longo do ano. E, em 2024, os números dispararam.

Observaram-se quedas nessas despesas de 2017 a 2018, quando o Brasil deixou de ser governado pelo Partido dos Trabalhadores. O menor valor registrado na série foi em 2017, quando foram executados R$ 29,9 milhões.

Abaixo, o histórico desde 2016:

Foto: Poder360

Os dados foram baixados do Portal da Transparência em 11 de setembro de 2024. Segundo as informações da página no dia, o Brasil havia executado neste ano R$ 37,1 milhões em combate e prevenção dos incêndios, recordes por causa de uma das maiores secas da história.

O governo também contabiliza os gastos com prevenção e combate de incêndios no Brasil. O governo desembolsou efetivamente R$ 131,0 milhões nessa categoria em 2023 –crescimento de 27,0% em 1 ano.

Em 2024, o valor total executado com essa despesa foi de R$ 75,3 milhões.

Leia a série abaixo:

Foto: Poder360

AÇÕES INSUFICIENTES

Apesar da alta, especialistas afirmam que o investimento em prevenção a esse tipo de desastre não é suficiente no Brasil.

“Ainda é pouco. A gente precisa de mais. Agora não sei dizer o quanto. Eu não sei se tem alguém no Brasil que sabe. Porque essa é uma conta que não tem fim”, declarou ao Poder360 Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. 

Os recursos destinados à prevenção e combate ao fogo em florestas vêm do Ministério do Meio Ambiente. Marcio enalteceu a atuação do órgão pelo aumento da verba, mas afirmou ser necessário pensar em ações governamentais amplas e que envolvam todos os nomes da equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele cita especificamente mais ações dos ministérios da Justiça da Agricultura e também de Minas e Energia.

Segundo o especialista, as melhores formas de evitar tanto o fogo quanto o gasto demasiado com esse objetivo é investir em ações que combatam diretamente os crimes de incendiar a natureza –mesmo que as ações emergenciais ainda sejam necessárias.

“Precisamos acabar com o crime, se não, não vai ter recursos que serão suficientes para limpar o prejuízo e a sujeira do crime ambiental”, disse.

Segundo ambos, o fogo não se espalha de forma espontânea. Por mais que a seca vivenciada pelo Brasil seja histórica, haveria outras formas de evitar novos incêndios.

“Esses eventos climáticos, como seca e calor extremo, vão ser mais frequentes e intensos. Então, olhando a agenda pública, é [necessário] investir sem arrependimento nessa agenda geral”, disse Guarany.

O governo reconhece o problema. O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Ribeiro Capobianco, disse que as estratégias de combate às queimadas na Amazônia “têm se mostrado insuficientes”, segundo a ata de uma audiência no STF (Supremo Tribunal Federal).

Leia abaixo o histórico de registros de focos de incêndio no Brasil até 13 de setembro, segundo dados do Inpe:

Foto: Poder360

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