Antes protagonistas, PT e PSDB viram coadjuvantes em eleições municipais

Antes protagonistas e principais antagonistas em eleições municipais, PT e PSDB viraram coadjuvantes em 2024: desde 2016, o PT não repete o desempenho do começo do século, enquanto o PSDB viu despencar o número de eleitos este ano, quando partidos de centro e de direita predominaram.

Os candidatos a prefeito do PSDB receberam apenas 66.053 votos a mais que os do PT em 2024. Enquanto os tucanos receberam 2.297.935 votos e os petistas 2.231.882, ο PSD o mais votado escolhido por 9,3 milhões de eleiores, e o MDB por 7 milhões. foi • O PT recebeu menos votos que o rival embora tenha registrado uma leve recuperação. O partido emplacou 248 prefeitos este ano, 64 prefeituras a mais do que em 2020 (184).

Os tucanos levaram mais prefeituras, mas foi o partido que perdeu mais prefeitos. Embora tenha conquistado 269 municípios este ano 21 a mais que o PT o PSDB encolheu 48% em quatro anos, já que tinha vencido em 525 em 2020.

As vitórias dos dois partidos também foram pouco expressivas. Pela segunda eleição seguida, o PT não elegeu prefeito em capital no primeiro turno. Nas quatro capitais em que foi para o segundo, o PT precisará tirar a vantagem de rivais que lideraram a disputa. O partido disputará em Natal (RN), com Natália Bonavides, em Fortaleza (CE), com Evandro Leitão, em Cuiabá (MT), com Lúdio Cabral, e em Porto Alegre (RS), com Maria do Rosário.

Já o PSDB não venceu em nenhuma capital pela primeira vez desde sua fundação, em 1988. Em 2020, a legenda ganhou em quatro: São Paulo, Natal, Palmas e Porto Velho. Este ano, lançou nomes em apenas sete capitais, perdeu em todas e não terá nenhum representante no segundo turno.

• Os partidos conservadores deixaram PT e PSDB para trás. PSD fez 878 prefeitos, e o MDB, 848. Foram seguidos por PP (743), União Brasil (578), PL (510) e Republicanos (430). Já o PSDB foi o oitavo e o PT o novo partido em número de prefeitos. Somados, seus 517 eleitos equivalem aos 510 apenas do PL, o atual arquirrival do PT.

Compre aqui RYZEN • Os números de PT e PSDB contrastam com o início do século. O PSDB sempre elegu mais: Fez 990 prefeitos em 2000, 871 em 2004 e 786 em 2008. Já o PT elegeu 187 prefeitos em 2000, conquistou 411 cidade em 2004 e 559 em 2008.

PT enfraqueceu primeiro

elegeu 786 prefeitos em 2008, 871 em 2004 e 990 em 2000. Já o PT, que fez 187 prefeitos na eleição de 2000, conquistou 411 cidades em 2004 e 559 em 2008.

Alvejado pela Operação Lava Jato e pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, o PT sofreu sua maior derrota em campanha municipal em 2016. Em 2012, viveu o auge com vitórias em 620 cidades, sete capitais, incluindo São Paulo e outros 15 municípios com mais de 200 mil habitantes. Na eleição seguinte, porém, os escândalos resultaram em apenas 254 eleitos. Em 2020, ο tombo foi maior: 184 prefeituras. Nenhuma capital.

Já o PSDB teve em 2024 seu pior resultado da historia. O partido viveu seu auge em 2016, com a eleição de 803 candidatos e sete vitórias em capitais. Com o arquirrival vitimado, o PSDB levou 26 dos 92 maiores municípios brasileiros, retomando inclusive São Paulo com João Doria, que bateu Fernando Haddad (PT) no primeiro turno. “A onda azul está tomando conta do país”, afirmou na época o senador Aécio Neves, então presidente nacional do PSDB.

Em 2020, o partido começou o declínio. Embora tenha saído das urnas com 525 prefeituras, esse número representou 278 municípios a menos na comparação com 2016. Das 12 capitais em que lançou candidato, venceu em quatro.

• A queda do partido já havia dado sinais na eleição de 2022. Após o quarto lugar com Geraldo Alckmin na campanha presidencial de 2018, uma briga interna rifou a candidatura para o cargo na eleição seguinte. No plano estadual, o PSDB perdeu para Tarcísio de Freitas (Republicanos) o controle de São Paulo depois de mais de 20 anos.

Prefeitos trocaram o partido por outras legendas nos últimos anos. Dos quatro prefeitos de capitais eleitos em 2020, só um se mantém no partido: Cinthia Ribeiro, em Palmas (TO), que não elegeu sucessor. Em Natal, Álvaro Dias migrou para Republicanos e, em Porto Velho (RO), Hilton Chaves se filiou ao União Brasil. Em São Paulo, Bruno Covas morreu em 2021, cedendo lugar ao vice emedebista, Ricardo Nunes.

• Este ano, a expectativa já era baixa. A maior aposta, José Luiz Datena, em São Paulo, recebeu apenas 1,84% dos votos, e, pela primeira vez, a sigla não elegeu nenhum vereador na cidade, seu berço político. As principais conquistas foram em Mato Grosso do Sul, ao vencer em 44 das 79 cidades. Mesmo assim, perdeu na capital Campo Grande (MS). Seu candidato, Beto Pereira, ficou em terceiro.

Para o PT, a direita venceu em razão das emendas parlamentares. “O cenário mais uma vez favoreceu a eleição ou reeleição de candidatos das legendas da centro-direita e direita dominantes no Congresso Nacional, com acesso a emendas parlamentares bilionárias e no comando das máquinas públicas municipais”, diz a sigla em nota. “O resultado do primeiro turno de 2024 aponta o início da recuperação eleitoral do PT nos municípios.”

• Já o PSDB diz que seu desempenho surpreendeu, enquanto o do PT decepcionou. “O PT tem um fundo eleitoral milionário muito maior que o do PSDB, além de ter o presidente da República, e mesmo assim elegemos mais prefeitos e prefeitas que eles”, diz o presidente da legenda, Marconi Perillo. Enquanto o PT distribuiu R$ 619,8 milhões do fundo eleitoral, o PSDB concorreu com R$ 147,9 milhões. Esse dinheiro, que é público, é distribuído proporcionalmente ao tamanho da bancada de cada partido. “Nosso desempenho ficou muito bom, acima das nossas expectativas, proporcionalmente”, diz Perillo.

Antipolítica implodiu era PT X PSDB

• O sistema partidário que se organizou entre 1994 e 2012, com PT e PSDB em lados opostos, “implodiu em 2018”. O cientista político da FGV, Eduardo Grin, se refere à ascensão de Jair Bolsonaro (PL). Os dois partidos acabaram virando os principais alvos da antipolítica, concorda Fábio Andrade, cientista político da ESPM. “Por terem polarizado durante muitos anos e serem encarados como partidos tradicionais em estrutura e ideologia, PT e PSDB viraram os alvos preferenciais da antipolítica, ainda que estivessem em lados opostos”, diz Andrade.

• As legendas também arcam com erros internos. “O PT sofreu muito desgaste com o mensalão e Lava Jato”, afirma Andrade. Já o PSDB perdeu com a “ascensão problemática de Doria”.

“O PSDB deu o controle do PSDB paulista ao Doria, outsider antipolítica, que joga o PSDB em um campo ainda mais conservador. Em 2018, apoia Bolsonaro e descaracteriza o partido completamente”
Eduardo Grin, cientista político da FGV.

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