Maduro elogia Lula e alivia tensão entre Brasil e Venezuela

O líder venezuelano, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, de esquerda), elogiou o presidente Luiz Inácio Lula Silva (PT) na 2ª feira (11.nov.2024) depois do petista dizer que não iria questionar a Suprema Corte da Venezuela sobre as eleições presidenciais no país vizinho.

Em seu programa semanal Con Maduro +, o chavista disse que a declaração de Lula foi “sábia” e que “cada país tem que buscar sua maneira de resolver seus assuntos”.

“Estive vendo [as declarações do presidente Lula] nesta manhã, achei muito bom. Concordo com Lula. Cada país tem que buscar a maneira de resolver seus assuntos, seus conflitos, seus problemas. O Brasil com suas instituições e sua dinâmica nacional, soberana e a Venezuela com nossas instituições e nossa dinâmica também soberana”, disse Maduro. A fala de Lula se deu em entrevista à Rede TV!, que foi ao ar no domingo (10.nov). Na ocasião, o presidente brasileiro disse que não tinha o direito de “ficar questionando a Suprema Corte de outro país”, porque não quer que questionem a sua. Também afirmou que Maduro é “um problema da Venezuela, não do Brasil”. 

A Suprema Corte Eleitoral da Venezuela foi a responsável por validar a vitória de Maduro em 22 de agosto. A oposição alega, porém, que Edmundo González (Plataforma Unitária Democrática, de centro-direita) obteve 67% dos votos válidos (7.303.480 votos), contra 30% do chavista (3.316.142 votos) -demais candidatos receberam 3% (267.640 votos).

Um estudo realizado por Walter Mebane, professor de ciência política da Universidade de Michigan (EUA) e especialista em detecção de fraude eleitoral, concluiu que não houve fraude nas atas eleitorais divulgadas pela oposição -que dão vitória a Edmundo González, que está exilado na Espanha depois do MP da Venezuela emitir um mandato de prisão contra ele.

Já o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão controlado pelo governo chavista, mostra que Maduro obteve 51,2% dos votos, contra 44,2% de González.

TENSÃO ENTRE BRASIL E VENEZUELA

O governo venezuelano se recusou a publicar as atas eleitorais que supostamente comprovam a eleição de Maduro nas eleições de julho, na qual ele foi reeleito para um 3° mandato. A posição do regime chavista desagradou Lula e causou uma tensão entre os 2 países.

A situação entre os líderes piorou depois de o Brasil votar contra a entrada da Venezuela no Brics. O governo Lula não considerou o momento propício para a entrada de Caracas por causa das tensões causadas pela eleição venezuelana e deixou o país de fora da lista de novos integrantes. A decisão irritou o chavista.

Em 2023, quando Nicolás Maduro visitou o Brasil, o petista havia dito ser favorável à entrada do país vizinho no bloco.

Em 31 de outubro, a Polícia Nacional Bolivariana, principal força policial da Venezuela, divulgou uma imagem que sugere uma ameaça velada do governo de Nicolás Maduro ao presidente Lula da Silva ao Brasil.

No dia anterior, o governo venezuelano havia convocado o seu embaixador no Brasil, Manuel Vadell, para prestar esclarecimentos sobre as declarações do assessor especial da Presidência, Celso Amorim, em retaliação ao veto do Brasil.

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