
Pacientes que aguardam consultas com especialistas no Centro de Especialidades Médicas Otacília Modesto Ribeiro, em Lagarto, denunciam o que consideram um verdadeiro descaso no sistema de regulação da saúde pública. Os relatos apontam falhas graves de comunicação e longas esperas, mesmo após a contratação de profissionais para algumas especialidades.
Uma moradora, que preferiu não se identificar, afirma estar na fila desde novembro de 2024 para atendimento com endocrinologista. Segundo ela, mesmo com a contratação de uma médica para a especialidade, os pacientes não foram avisados oficialmente, nem pelo aplicativo da fila digital. A ausência de informação causou frustração e confusão.
Ela relata que chegou a ocupar a posição de número 976 na fila e que, ao saber informalmente que os atendimentos haviam começado, foi até o local, mas recebeu a informação de que não havia mais vagas e que precisaria aguardar uma desistência — sem previsão de quando isso poderia acontecer.
“É um absurdo começar a chamar outras pessoas e deixar quem está na fila desde novembro sem atendimento”, desabafou. Ela também destaca a gravidade da situação, pois está em remissão de um câncer na tireoide há quatro anos e precisa de acompanhamento endocrinológico regular.
Ela criticou ainda a falta de comunicação com os pacientes: “O pior de tudo é a falta de comunicação com as pessoas que estão esperando. Quem não correr atrás vai ficar esperando por um milagre, porque não vai ser atendido por livre e espontânea vontade deles, não.”
“Isso não está acontecendo só com endocrinologista, não. Muitas pessoas na fila reclamam da mesma coisa em outras especialidades”, afirmou outra denunciante. Ela também pediu para não ser identificada, mas reforçou a importância de tornar pública a situação: “Se a gente não se pronunciar, vai continuar acontecendo, não só comigo, mas com outras pessoas também.”
Outros usuários também procuraram o Lagarto Como Eu Vejo para relatar situações semelhantes. Uma paciente, por exemplo, afirmou que aguarda consulta com psicólogo desde outubro do ano passado e que até o momento não recebeu nenhum chamado.
As denúncias destacam não apenas a demora no atendimento, mas principalmente a ausência de informações claras, o que impede os usuários do SUS de acompanharem seu lugar na fila e compromete o acesso a cuidados de saúde essenciais.
O Lagarto Como Eu Vejo entrou em contato com a administração municipal e, até o momento, não recebeu retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
Por José Pedro, LagartoComoEuVejo.com.br