
As vítimas, geralmente pessoas próximas ou indicadas em redes de confiança, eram convencidas a realizar aportes financeiros vultosos, com expectativa de retornos elevados em prazos curtos. Contudo, o dinheiro era, na verdade, desviado e reinvestido em benefício pessoal dos criminosos.
Os investigados apresentavam padrão de vida incompatível com suas rendas formais, mantendo veículos de luxo, imóveis e joias de alto valor. Para ocultar a origem ilícita dos recursos, utilizavam contas bancárias de terceiros, transferências fracionadas via PIX e sucessivas transações em espécie, evidenciando práticas típicas de lavagem de dinheiro.
O cruzamento de dados bancários e análises técnicas do LAB-LD revelaram uma teia de movimentações suspeitas, nas quais os valores recebidos das vítimas eram rapidamente pulverizados entre contas de laranjas e utilizados para aquisição de bens em nome de terceiros.
Mandados
No total, foram cumpridos 12 mandados judiciais, sendo dois de prisão preventiva, dois de imposição de medidas cautelares diversas da prisão, oito mandados de busca e apreensão, além de mandados de natureza patrimonial, como sequestro de bens móveis e bloqueio de valores em contas bancárias. As ordens foram expedidas pelo Poder Judiciário após robustos elementos informativos colhidos pela equipe de investigadores, representação da Polícia Civil e manifestação do Ministério Público Estadual.
Durante as buscas, foram apreendidos diversos aparelhos eletrônicos, veículos de alto padrão e vasta documentação, incluindo contratos, recibos, cartões bancários, extratos e anotações manuscritas, que indicam o controle da movimentação financeira do grupo.
Também foram recolhidos documentos com indícios de falsificação e mídias eletrônicas que poderão revelar novas provas da dinâmica delitiva. Os veículos apreendidos, alguns registrados em nome de terceiros, levantam suspeitas de ocultação patrimonial típica de operações de lavagem de dinheiro. Todo o material será submetido à análise técnica e pericial, com o objetivo de reforçar a prova dos crimes apurados, identificar novas vítimas e rastrear o destino dos valores obtidos ilicitamente.
As diligências foram realizadas de forma simultânea em diversos endereços vinculados aos investigados, dentro do município de Itabaiana.
Novas investigações
Com o material apreendido, a Polícia Civil espera identificar novas vítimas e expandir o mapeamento patrimonial dos investigados. A análise dos aparelhos celulares, comprovantes de transferência e documentos apreendidos poderá revelar outros núcleos operacionais e possíveis ramificações do esquema.
A Delegacia Regional de Itabaiana solicita que qualquer pessoa que tenha realizado aportes financeiros em circunstâncias semelhantes procure imediatamente a unidade policial para prestar esclarecimentos e contribuir com as investigações
Cooperação institucional
O sucesso da Operação Safra 171 é resultado de ações integradas entre diferentes setores da Segurança Pública do Estado de Sergipe, com destaque para a atuação da Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol) e do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), que prestaram apoio técnico especializado na análise dos fluxos financeiros e da arquitetura do esquema criminoso.
Segundo o delegado responsável pela investigação, Matheus Cardillo, a operação visa a romper a cadeia financeira do crime, assegurar a recuperação de ativos para ressarcimento das vítimas e evitar que novos golpes sejam perpetrados. “Estamos diante de uma associação com alto grau de sofisticação, que se vale de discursos técnicos, falsos vínculos políticos e manipulação emocional para explorar financeiramente suas vítimas. A repressão penal, aliada ao confisco de bens, é fundamental para neutralizar essa estrutura”, pontuou.