Desmatamento é autorizado para construção de avenida em Belém para a Conferência sobre Mudanças Climáticas

Destruição ambiental para falar de proteção ambiental

Foto: Marcelo Souza/Agência Pará

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — será realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025 em Belém, no Pará, no coração da Amazônia. O evento foi anunciado como um marco simbólico, trazendo líderes mundiais para discutir o futuro climático diretamente na maior floresta tropical do planeta. No entanto, a escolha do local revela uma contradição gritante: o Pará lidera o ranking de degradação ambiental no Brasil e, para receber a conferência, o governo estadual autorizou um desmatamento significativo.

De acordo com dados oficiais, o Pará foi responsável por 57% de toda a degradação florestal da Amazônia em junho de 2025, concentrando seis dos dez municípios com maior perda de vegetação. Em 2024, já havia figurado entre os estados que mais desmataram no país. Apesar desse histórico, as autoridades locais decidiram abrir caminho para a COP30 com uma obra polêmica: a Avenida Liberdade, uma estrada de 13 quilômetros com quatro pistas, cortando uma área de floresta para ligar pontos estratégicos da cidade.

O governo justifica a construção como necessária para melhorar a mobilidade durante o evento e afirma que o projeto inclui iluminação solar e passagens para animais. Ambientalistas, no entanto, denunciam que a obra fragmenta ecossistemas, ameaça espécies e retira vegetação em uma região que deveria ser símbolo da preservação. Mais grave ainda: o desmatamento é legalizado e executado sob a justificativa de “infraestrutura para a conferência”.

Ou seja, uma reunião internacional criada para debater como salvar florestas começa eliminando justamente aquilo que pretende proteger. A ironia é evidente: ao invés de servir como exemplo de práticas sustentáveis, a COP30 já nasce marcada por um episódio que mistura propaganda verde com destruição ambiental.

Enquanto chefes de Estado discursarão sobre compromissos climáticos em novembro, a floresta amazônica pagará a conta para que os convidados cheguem mais rápido ao local da conferência. Um paradoxo que expõe como, no Brasil, o discurso ambiental ainda caminha muito atrás da prática.

Fonte: Blog Thalita Moema

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