No dia seguinte à condenação de Bolsonaro, dólar cai a R$ 5,35, menor patamar em 13 meses

O dólar fechou em queda frente ao real nesta sexta-feira. É um movimento que ocorre na contramão das principais moedas globais frente a divisa americana. Às 17h, no fechamento, o dólar comercial era negociado a R$ 5,35, em queda de 0,71%, consagrando o menor patamar para o câmbio desde 7 de junho do ano passado.

No exterior, a divisa americana opera em leve alta. No fim da tarde DXY, que compara o dólar frente uma cesta de outras seis moedas fortes, subia 0,06%. Entre as 31 moedas mais negociadas, o real era a segunda que mais apresentava valorização na comparação com a divisa dos EUA. Na mínima do dia, o dólar chegou a ser negociado aos R$ 5,34.

Analistas avaliam que a perspectiva de um corte de juros nos EUA na semana que vem ajudam a desvalorizar o dólar no Brasil, já que os juros brasileiros estão em patamar muito alto, atraindo investidores. Mas a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal também influencia na queda do dólar, ao pavimentar um cenário eleitoral menos instável para 2026, na visão do mercado financeiro.

Para Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, a decisão do STF influencia no câmbio:

— Uma definição na situação da condenação gera um cenário mais claro para as eleições do próximo ano — afirma ele, que vê a decisão do STF abrindo caminho para uma consolidação do governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, como o candidato da direita, um nome por quem “o mercado financeiro tem mais aceitação”.

Para Marcos Oviedo, a previsão de três cortes seguidos no juro americano ainda em 2025 faz o dólar seguir em desvalorização por aqui:

— A história dos cortes da Fed (Federal Reserve, o banco central americano) está com momentum. O real é a moeda com mais carry (diferencial de juros), então eu acho que vai se valorizar mais um pouco — afirma ele, que vê o peso mexicano dando mais espaço ao real neste mecanismo diante da queda do juro no país latino.

carry trade é uma operação onde investidores tomam empréstimos em moedas com baixíssimo retorno (como o iene, onde a taxa de juros é de 0,5% ao ano) e investem em economias com altas taxas de juros, como o Brasil, onde a taxa de juros é de 15% ao ano, garantindo maior retorno.

Ibovespa fecha em queda

A condenação de Bolsonaro foi positiva para o câmbio, mas pesou na Bolsa. O Ibovespa encerrou em baixa de 0,61%, aos 142.272 pontos, pressionado pelos papéis de bancos.

Para Fernando Fontoura, sócio e gestor da Persevera Asset, a desvalorização das instituições financeiras representou, além de uma realização do lucro nos últimos dias, a perspectiva de que possa haver uma nova reação do governo americano ao resultado do julgamento, com novas rodadas de aplicação da Lei Magnitsky ao setor. — É uma preocupação que ainda não tiramos do radar — afirmou.

O Itaú (ITUB4) cedeu 1,5%, enquanto o Bradesco (BBDC4) perdeu 1,17%. As Units do BTG (BPAC11) caíram 1,38% e as do Santander (SANB11) caíram 1,14%.

A Vale (VALE3) fechou na estabilidade, aos 0,02% de alta, enquanto a Petrobras (PETR4) encerrou em recuo de 0,48% nos papéis preferenciais. Os juros futuros fecharam perto da estabilidade.

Fonte: O Globo

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