
Com a crescente notificação de casos de intoxicação pelo consumo de bebidas adulteradas, contaminadas com metanol no Brasil, a situação foi classificada como um Evento de Saúde Pública (ESP). Em todo o território nacional, o sistema de vigilância e atenção à saúde ampliou a sensibilidade para detecção precoce e tratamento adequado dos casos. Em Sergipe, não houve registro de casos, mas a Prefeitura de Aracaju, por meio do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) da capital, intensificou a fiscalização de bebidas e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) mobilizou os profissionais da Saúde e das Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica para agir diante de possíveis ocorrências.
Entenda os sintomas e saiba como se proteger
Em casos de intoxicação, os primeiros sintomas são parecidos com ressaca comum: náusea, tontura e dor de cabeça. Entre 12 e 24 horas, surgem sintomas mais graves, como visão borrada e respiração acelerada. Em até 48 horas, há risco de cegueira irreversível, falência de órgãos e morte.
Segundo especialistas, a presença do metanol nas bebidas não pode ser identificada visualmente e o cheiro e o sabor não divergem das bebidas alcoólicas sem adulteração. Por isso, apenas testes laboratoriais são eficientes na detecção. As autoridades recomendam que os consumidores fiquem atentos a embalagens suspeitas (como lacres tortos ou rótulos mal impressos), desconfiem de preços muito baixos e sempre exijam nota fiscal.
Caso o consumidor suspeite de fabricação ou venda de bebidas adulteradas, é possível fazer uma denúncia, em sigilo, junto ao Procon Aracaju a partir do número (79) 3179-6040 ou 151.
Plano de Ação: Vigilância Epidemiológica da SMS de Aracaju emitiu nota técnica
O plano de ação da SMS foi tratado pela Vigilância Epidemiológica, que emitiu, na última quinta-feira, 02, uma nota técnica sobre o fluxo de notificação e encaminhamento dos pacientes.
A nota técnica traz informações sobre a toxicidade por metanol e orienta a conduta dos profissionais em casos suspeitos, incluindo atendimento inicial, exames laboratoriais e tratamento. Segundo o documento, todos os serviços de saúde, sejam eles públicos ou privados, têm a responsabilidade de notificar imediatamente, em no máximo 24 horas, os casos suspeitos e confirmados.
A ficha de notificação com o relato do caso deve ser encaminhada ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da SMS por meio dos canais de comunicação “Disque-notifica”, a partir do contato (79) 98107-5020, via WhatsApp, por meio do número (79) 98107-5020 ou pelo sistema E-notifica Cievs Aracaju, pelo e-mail: [email protected]. Clique aqui para ler a nota técnica na íntegra.
Para a coordenadora da Rede de Vigilância Sanitária (Revisa), Flávia Brasileiro, este é o momento dos fiscais desempenharem um olhar mais atento sobre os produtos. “A Vigilância Sanitária vem, nesses dias, se capacitando para poder melhorar seu poder de observação nas inspeções a estabelecimentos que comercializem bebidas, principalmente destilados. A gente sempre fez a inspeção dos comerciantes de bebidas, mas esse é um momento crítico, onde o olhar do fiscal vai ser muito mais apurado, para que a gente tente minimizar ao máximo as ocorrências”, relatou Flávia.
De acordo com a coordenadora, os fiscais atuam em conformidade com o guia de referência produzido pela Associação Brasileira de Bares e Restaurante (Abrasel), a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) e a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD). O guia alerta que as marcas mais procuradas pelo consumidor são justamente as falsificadas.
“A gente tem a preocupação nessas festas que estão para vir, com a questão do monitoramento da aquisição das bebidas, por restaurantes, por ambulantes e por barraqueiros”, afirmou Flávia Brasileiro. “A grande preocupação são as bebidas preparadas sem que a gente tenha o acompanhamento dessa preparação. A exemplo de bebidas como o ‘Príncipe’, que nós não sabemos exatamente qual é a composição, bebidas que sejam preparadas sem que as garrafas estejam disponíveis ao consumidor e situações onde nitidamente não seja possível comprovar a aquisição da bebida em local regular por meio de nota fiscal. Então a vigilância sanitária vai estar orientando que os comerciantes disponibilizem essas notas fiscais para conferência”, explicou a coordenadora.
Operação Copo Limpo
Com a Operação Copo Limpo, duas frentes de trabalho do Procon, órgão que integra a Secretaria da Defesa Social e da Cidadania (Semdec), atuam paralelamente na zona norte e na zona sul de Aracaju. Desde já e no decorrer das próximas semanas, as equipes inspecionam bares, restaurantes, supermercados e distribuidoras, verificando as informações das bebidas e as respectivas notas fiscais. Em casos suspeitos, a perícia técnica é acionada para colher amostras e analisar o material.
Segundo a coordenadora-geral do Procon Aracaju, Roseneide Santiago de Araújo, a iniciativa é fruto dos encaminhamentos definidos durante a audiência extrajudicial promovida pelo Ministério Público de Sergipe (MPSE). “Na audiência, foram discutidos os riscos à saúde pública decorrentes da adulteração de bebidas com metanol, substância altamente tóxica em que a ingestão tem provocado mortes e graves intoxicações em várias regiões do país”, explicou. “Caso alguma situação suspeita seja identificada, nós lacramos o produto e encaminhamos para a perícia técnica. Essa fiscalização visa retirar de circulação todo produto adulterado para garantir a segurança e a saúde do consumidor”, concluiu.