O último disparo de Juca Bala

Juca Bala está passando por um momento que Freud explicaria com um charuto e Maquiavel chamaria de “erro de cálculo”. Depois de anos jogando xadrez político como se fosse dono do tabuleiro, o prefeito de Laranjeiras descobriu que o jogo acabou  e, o juiz, no caso, foi o Tribunal de Justiça de Sergipe, que o condenou por improbidade administrativa e trancou a porta do Acordo de Não Persecução Cível (ANPC).

Traduzindo para o eleitor comum: acabou o jogo, Juca. O TJSE foi claro, não dá pra pedir trégua depois de perder a guerra. O desembargador Roberto Eugênio Porto apenas carimbou o que todos já sabiam: que Juca Bala, político esperto e advogado de si mesmo, tentou empurrar o destino com a barriga jurídica, mas a barriga estourou.

Agora, inelegível pela Lei da Ficha Limpa, Juca joga o que talvez seja sua última bala: o filho, Antônio de Juca de Bala, lançado como candidato a deputado estadual. É o velho manual do cacique, quando o patriarca cai, a herança vira mandato. Mas Laranjeiras não é mais o feudo que foi. E o povo, cansado de ver o mesmo sobrenome na urna, começa a desconfiar que o “balaísmo” é uma fábrica de pólvora molhada.

Juca sempre foi habilidoso, disso ninguém duvida. Conseguiu unir opostos, dobrar adversários e até convencer o Ministério Público de que “a política é feita de acordos”, até o dia em que tentou um acordo demais. Mas dessa vez, a esperteza tropeçou na própria astúcia. E quando a Justiça fecha as portas, nem a retórica de palanque serve de habeas corpus.

No campo político, o cenário é um incêndio de bastidor: Juca tenta dividir sua base entre Fábio Reis e Cláudio Mitidieri, dois deputados federais que agora disputam quem fica com o espólio do prefeito caído. Enquanto isso, Marcos Franco, ex-aliado, ficou como o convidado que chegou à festa quando a luz já tinha sido cortada. E Mônica Sobral, a única vereadora de oposição, transforma a tribuna da Câmara num confessionário público, revelando o que antes se cochichava nos corredores.

Juca, claro, diz que está tranquilo. Que o filho vai continuar o trabalho, que a cidade o ama, que a condenação é “injusta” e que tudo será resolvido nos tribunais superiores. Mas o eleitor sergipano, que já viu esse roteiro outras vezes, sabe que quando o político começa a falar em “injustiça”, é porque a Justiça enfim funcionou.

O inferno astral de Juca Bala não é apenas jurídico, é simbólico. Ele representa o fim de uma era em que prefeitos se achavam donos de cidade, e o poder era tratado como herança. Agora, o império “Bala” balança, e a sucessão tem cheiro de último suspiro. Em Laranjeiras, o homem que um dia mandou e desmandou, agora tenta salvar o nome da família com o último cartucho. Mas, convenhamos, quem vive de “bala”, um dia acaba atingido pelo próprio disparo.

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