
Durante a megaoperação que deixou mais de 120 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, as forças de segurança montaram o que chamaram de “Muro do Bope” — uma estratégia em que policiais entraram pela área da Serra da Misericórdia para cercar os criminosos e empurrá-los em direção à mata, onde outras equipes do Batalhão de Operações Especiais já estavam posicionadas.
A explicação foi dada pelo secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, durante entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (28), quando a cúpula da Segurança Pública do Rio comentou os resultados da ação, a mais letal da história do estado.
“Distribuímos as tropas pelo terreno. O diferencial, em relação às imagens que mostravam criminosos fortemente armados buscando refúgio na área de mata, foi a incursão dos agentes do Bope na parte mais alta da montanha que separa as duas comunidades. Essa ação criou o que chamamos de ‘muro do Bope’ — uma linha de contenção formada por policiais que empurravam os criminosos para o topo da montanha”, detalhou Menezes.
Segundo ele, a ação tinha como objetivo proteger a população: “O objetivo era proteger a população e garantir a integridade física dos moradores do Alemão e da Penha. A maioria dos confrontos, ou praticamente todos, ocorreu na área de mata”, garantiu o secretário, frisando que o confronto se iniciou às 6h e terminou às 21h.
Os números oficiais, divulgados pela cúpula da segurança do RJ nesta quarta-feira (29), dia seguinte à ação, são de mais de 120 mortos na megaoperação: 4 policiais e 117 suspeitos.
Mas moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, afirmaram ter encontrado pelo menos 74 corpos, que foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais da região, ao longo da madrugada desta quarta-feira (29). O secretário da Polícia Civil, Felipe Curi. disse que foram 63 corpos achados na mata.
Curi disse também que foram 113 presos, 33 de outros estados, como Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco. A ação contou 2,5 mil policiais civis e militares e é considerada pela cúpula da segurança como de alto risco.
Um ano de investigação
O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, destacou que a investigação que culminou na operação desta terça durou cerca de um ano.
“O Rio de Janeiro tem quase 1/4 de sua população morando em favelas, enquanto o percentual no Brasil é de 8,1%. São 9 milhões de metros quadrados de desordem na Penha e no Alemão. Uma investigação de aproximadamente um ano, que envolveu as polícias do Rio e de vários estados, principalmente do Pará”, destacou o secretário, ressaltando que o planejamento da ação foi minucioso
Secretário da PM diz que foi criado um ‘muro do Bope’ para encurralar criminosos na área de mata dos complexos da Penha e Alemão
Santos ainda classificou como “dano colateral muito pequeno” o número de inocentes e mortos feridos durante a ação.
“As vítimas são os quatro inocentes que foram baleados e os quatro policiais que morreram”, disse.
Governador disse que operação foi um ‘sucesso’
Mais cedo, o governador Cláudio Castro, disse que a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, a mais letal da história do Rio, foi um “sucesso”.
Castro: ‘de vítimas, só tivemos os 4 policiais’
Segundo Castro, o principal indício de que os 54 eram criminosos é porque os confrontos foram todos em área de mata:
Ainda segundo o governador, é preciso ter muita responsabilidade para divulgar números em operações.
“A Polícia Civil tem a responsabilidade enorme de identificar quem eram aquelas pessoas. Eu não posso fazer balanço antes de todos entrarem. Daqui a pouco vira uma guerra de número. Nós não vamos trabalhar assim”, explicou.










