
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, escreveu para países aliados pedindo apoio militar após o envio de forças militares dos EUA para o Caribe, supostamente para o combate ao tráfico de drogas. As informações foram publicadas pelo jornal “The Washington Post” nesta sexta-feira (31).
De acordo com a reportagem, Maduro entrou em contato com Rússia, China e Irã para solicitar o reforço de suas estruturas de defesa, com o envio de radares, de suporte para manutenção de aeronaves e até mísseis.
O “Post” afirma ter tido acesso a documentos internos do governo dos EUA que relatam a troca de correspondência de Caracas.
Não bastasse ver uma movimentação das Forças Armadas mais poderosas do mundo perto de seu litoral, a Venezuela sofre com a desatualização e o mau estado de sua infraestrutura militar.
A reportagem é publicada no mesmo dia em que outro jornal americano, o “Wall Street Journal”, diz que o governo de Donald Trump está considerando bombardear alvos militares na Venezuela que afirma serem utilizados para o tráfico de drogas — no entanto, o presidente dos Estados Unidos ainda não teria tomado a decisão final de atacar.
Na hipótese de Trump estar blefando e os bombardeios ocorrerem, o episódio seria uma escalada significativa nas tensões entre os governos Trump e Maduro e serviriam como uma mensagem clara ao presidente venezuelano de que chegou a hora de deixar o poder, segundo o “The Wall Street Journal”.
A mando da alta cúpula do governo Trump, diz o “Wall Street Journal”, o Exército americano teria identificado alvos venezuelanos que podem ser alvos dos eventuais ataques. Os locais avaliados incluem portos e aeroportos controlados pelos militares, supostamente usados para o tráfico de drogas — entre eles, bases navais e pistas de pouso, afirmou a reportagem com base em fontes do governo americano.
Envio de porta-aviões
Outro elemento que contrasta com a fala de Trump são as ações tomadas pelo seu governo. O envio do maior porta-aviões do mundo para o Caribe, que segundo especialistas escalou dramaticamente a presença militar americana na região, é um sinal inequívoco de que o republicano está disposto a utilizar força militar na Venezuela para além dos bombardeios a barcos no Caribe, segundo analista ouvido pelo g1.
O presidente dos EUA, Donald Trump, já admitiu ter autorizado operações secretas da CIA em território venezuelano e dá indícios de que busca derrubar Maduro do poder.
Venezuela em alerta
Maduro denunciou que a presença militar americana perto da costa do país tem como objetivo provocar uma mudança de regime. Ele já fez apelos em inglês de “não à guerra maluca” e tentou negociar, sem sucesso, com o governo Trump acesso aos recursos naturais do país —a Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo, estimada em cerca de 300 milhões de barris.
Já a Venezuela realizou no último sábado (25) exercícios militares com o objetivo de proteger seu litoral de eventuais “operações encobertas” aprovadas pelo governo dos EUA.
Militares venezuelanos foram enviados ao litoral para um dia de exercícios ordenados por Maduro, que anunciaram ontem que os Estados Unidos “estão inventando uma guerra” contra o seu país.
As tensões entre a Venezuela e os Estados Unidos começaram a se intensificar em agosto, quando Washington anunciou o envio de navios e aeronaves militares para o sul do Caribe.
Desde então, o exército norte-americano vem reunindo uma força de navios de guerra, caças, bombardeiros, fuzileiros navais, drones e aviões espiões no Mar do Caribe. Trump chegou até a admitir ter autorizado operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) no país de Nicolás Maduro.
Segundo especialistas entrevistados pelo g1, o motivo do conflito se dá por conta do interesse dos norte-americanos em tentar derrubar Maduro, e pela vontade dos EUA de acessar as reservas de petróleo e às riquezas minerais da Venezuela.
O governo dos Estados Unidos, no entanto, afirma que esses movimentos são somente ações de combate ao narcotráfico.










