
Há uma ideia equivocada, ainda muito presente no cotidiano, de que certos serviços podem ser solicitados gratuitamente como se fossem favores simples, quase sem esforço. Todo trabalho carrega um valor construído ao longo do tempo. Ninguém se torna bom no que faz por acaso. Há anos de estudo, investimento financeiro, dedicação, prática e especialização por trás de qualquer serviço profissional.
Quando alguém pede para que outro realize um trabalho sem cobrar, transmite implicitamente uma mensagem de desvalorização. É como se dissesse: “O que você faz não é tão importante assim”, ou “Você gastou tempo aprendendo algo, mas eu não acho que isso mereça ser remunerado”. Embora raramente dito com essas palavras, o pedido gratuito carrega essa lógica por trás.
É fundamental entender que houve investimentos na formação. Cursos, livros, equipamentos, tempo de estudo, tentativas e experiências, tudo isso compõe o preço de um serviço. Não se paga apenas pelo resultado final, mas pela jornada que permitiu que aquele resultado fosse possível. Pedir um serviço gratuito é desconsiderar completamente todo esforço envolvido.
É preciso se colocar no lugar do outro. Você trabalharia de graça? Entregaria algo que domina profundamente, fruto de estudo e experiência, sem qualquer forma de reconhecimento? Se a resposta é não, por que esperar isso de alguém?
Também há a questão de que muitas pessoas pedem de graça justamente aquilo que elas mesmas não conseguem fazer. Isso reforça ainda mais a importância do profissional. Ele possui um conhecimento que você não tem, e é exatamente por isso que precisa ser valorizado. Se fosse tão simples quanto alguns acreditam, todos fariam por conta própria.
Pedir trabalho gratuito é um ato ofensivo que escancara a desvalorização profissional. É ignorar o processo inteiro que permitiu que aquela pessoa se tornasse competente e apta a entregar qualidade. Valorizar o trabalho dos outros é reconhecer que as habilidades tiveram preço para serem adquiridas. Respeitar o valor do trabalho alheio é o mínimo que se espera em uma sociedade que pretende ser justa.
Por Reinaldo Valverde (Professor da Redes Estaduais de Educação da Bahia e Sergipe)










