História sem fim: Israel x Palestina

O conflito entre Israel e Palestina possui raízes muito mais complexas do que supõe nossa vã filosofia ocidental, envolvendo, num só cadinho, ingredientes étnicos, culturais, religiosos, políticos e territoriais. Não há encará-lo com maniqueísmos reducionistas.

Em 1897, durante o 1.º Congresso Sionista, realizado na cidade suíça de Basileia, ficou decidido que os judeus retornariam a Jerusalém, de onde haviam sido expulsos pelos romanos no século III d.C. A partir daí, teve início a emigração para a Palestina, que, à época, estava incorporada ao Império Otomano.

Os confrontos se tornaram mais violentos à medida que a imigração aumentava. Durante a 2.ª Guerra Mundial o fluxo migratório aumentou significativamente por conta da fuga dos judeus das perseguições nazistas na Europa. Em 1947, a ONU tentou solucionar o problema, propondo a divisão territorial da Palestina, em uma parte árabe e outra judia, ficando Jerusalém como enclave internacional. Os árabes não aceitaram a proposta. No dia 14 de maio de 1948, Israel declarou sua independência. Os exércitos do Egito, Jordânia, Síria e Líbano atacaram o nascente Estado judeu, mas foram derrotados.

Em 1967, na “Guerra dos Seis Dias”, Israel derrotou o Egito, a Síria e a Jordânia, conquistando a Cisjordânia, as Colinas de Golã, a parte oriental de Jerusalém e a Faixa de Gaza. Em 1973, o Egito e a Síria lançaram uma ofensiva contra Israel no feriado do “Yom Kippur”, ou “Dia do Perdão”, mas foram novamente derrotados.

Em 1987, ocorreu a 1.ª Intifada, uma rebelião em que a população civil da Palestina atirou paus e pedras contra militares israelenses, em protesto contra a presença judia nos territórios ocupados durante a “Guerra dos Seis Dias”. Os israelenses atiraram e mataram crianças que jogavam pedras nos tanques de guerra, provocando indignação na comunidade internacional.

A 2.ª Intifada ocorreu em setembro de 2000, depois de o então primeiro-ministro israelense, Ariel Sharom, ter caminhado pela Esplanada das Mesquitas e pelo Monte do Templo, em Jerusalém, área considerada sagrada tanto pelos árabes quanto pelos judeus. A despeito das negociações, dos atentados e boicotes palestinos e da Resolução n.º 242 da ONU, Israel reluta em se retirar das áreas conquistadas durante a “Guerra dos Seis Dias”, embora tenha retirado, em 2005, todos os seus colonos da Faixa de Gaza, cujo controle do espaço aéreo e do acesso marítimo ainda mantém.

Em junho de 2007, a autoridade nacional palestina se dividiu, depois de violentos confrontos, entre os partidos Hamas, que passou a controlar a Faixa de Gaza, e o Fatah, que manteve o controle da Cisjordânia.  

A Palestina é uma estreita faixa de terra, desértica, sem petróleo e sem recursos minerais estratégicos. Os hebreus, povo do qual descendem os judeus, foram os seus primeiros habitantes, estando na região desde 2000 anos a.C. Os judeus, mesmo dispersos pelo mundo, sempre preservaram, além de suas tradições e costumes, uma profunda consciência nacional. Os povos árabes habitam a região desde o surgimento do Islamismo, no século VII, mesmo não tendo instituído um Estado palestino independente.

Jerusalém é considerada uma cidade sagrada para os judeus desde que o Rei Davi a proclamou como capital do seu reino no século X a.C. É também a 3.ª cidade mais sagrada do Islamismo, atrás somente de Meca e Medina. Os muçulmanos acreditam que Maomé teria sido transportado numa noite de Meca para o Monte do Templo em Jerusalém, tendo daí ascendido ao Paraíso.

4Em Israel, atualmente, vivem cerca de 7 milhões de judeus e 1,4 milhão de árabes palestinos, que também desfrutam de cidadania israelense, mas reclamam amiúde de discriminação política e de receberem menos subsídios do Estado para financiar, por exemplo, educação e moradia.

A maioria dos países árabes, simpáticos à causa palestina, não reconhecem a independência do Estado judeu. Israel sobrevive, no cerco de hostilidade regional, mercê da “superioridade militar” patrocinada pelos Estados Unidos. No sangrento conflito, há abusos de ambos os lados, a afligir particularmente a população civil.

Na disputa por uma “terra santa” entre dois povos tão ricos culturalmente, com histórico comum de sofrimento, talvez nenhum deles tenha razão, porque ambos insuflam e perpetuam o conflito com o sopro da intolerância e da intransigência. Assim, a região que originou as três principais religiões monoteístas do mundo, e ensinou tantos valores à humanidade, ainda não aprendeu a respeitar as diferenças e a viver em paz. A convivência harmônica entre judeus e palestinos é uma estrela que ainda não despontou no horizonte do Oriente Médio.

O abraço sincero e fraterno de dois meninos amigos, um judeu e outro palestino, relembra a lição de Jesus Cristo de que é preciso ser como as crianças para se alcançar o “Reino dos Céus”.
– Eli, Eli, lama sabachthani?

Fonte: Blog Chico Eliton

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