Haddad enfrenta pressões em série por aumento de gastos dentro e fora do governo

Foto: Jim Watson

O expediente havia terminado, mas o vaivém na recepção do Washington Plaza Hotel ainda era intenso na quinta-feira, 18 de abril. Reunidos no lobby, Fernando Haddad e seu time trocavam impressões sobre os últimos dias. O clima era de desânimo. Haddad decidira cancelar compromissos na capital americana, onde participava de reuniões do FMI e do G20, e antecipar sua volta ao Brasil. A percepção era que aquela havia sido, até ali, a pior semana para a equipe econômica do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

Dias antes, na segunda-feira, o governo abandonara a meta de superávit de 2025, precipitando duros questionamentos do mercado sobre o real compromisso de Haddad com o ajuste das contas públicas. Enquanto isso, a política se movia em ritmo acelerado.

Uma proposta para conceder aumentos salariais ao Judiciário avançava no Senado e a Câmara dava sinais de que não iria ceder ao governo em negociações com impacto na manutenção de empregos, como a da desoneração da folha de pagamentos.

Reforma Tributária

De volta a Brasília, Haddad foi a campo. Apresentou ao Congresso Nacional a regulamentação da Reforma Tributária, uma entrega importante. Mas o diagnóstico de que o ministro vive seu momento mais difícil até aqui não se alterou.

A avaliação é feita por integrantes de seu time, que veem sua agenda sob ataque em múltiplas frentes, e por integrantes do Palácio do Planalto, que descrevem um ministro sob extrema pressão. A pessoas próximas, o próprio Haddad tem admitido que esse round está mais difícil de ganhar do que os anteriores.

O ministro gosta de dividir suas batalhas em semestres. Na visão de Haddad, é preciso superar alguns entraves: a aprovação do novo benefício para o setor de eventos (Perse) dentro de parâmetros aceitáveis e da proposta para limitar compensações tributárias, além de contestar a desoneração, um ponto que motivou críticas de deputados, senadores e representantes do empresariado, que apontam insegurança jurídica e risco de demissões. Para ele, é preciso superar esses entraves para “vencer” o semestre.

Apesar da complexidade da regulamentação da Reforma Tributária, há disposição das duas Casas em aprovar o texto ainda neste ano. Por isso, esse assunto é classificado como fora das principais batalhas do ministro no curto prazo.

O que está pela frente no campo das contas públicas é considerado mais complicado. O apetite do Congresso em aprovar projetos que deem fôlego à arrecadação do governo está reduzido. Ao mesmo tempo, multiplicam-se as propostas para aumentar gastos públicos.

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