A ONG Salvar, dedicada à fabricação de medicamentos à base de cannabis em Sergipe, enfrenta dificuldades para continuar suas operações após uma série de contratempos legais. Recentemente, a organização remeteu um pedido à justiça local buscando a liberação para retomar suas atividades de colheita, manipulação e dispensa dos medicamentos.
Desde abril, quando o presidente, engenheiro agrônomo, gerente de cultivo e conselheiro fiscal da ONG foram detidos preventivamente em uma operação da Polícia Civil em Aracaju e Salgado por suposto envolvimento com tráfico de drogas, a Salvar está impossibilitada de prosseguir com suas atividades.
Os medicamentos produzidos pela ONG são destinados a mais de mil associados que sofrem de uma variedade de condições, incluindo fibromialgia, câncer, epilepsia, Alzheimer, Parkinson e autismo. Segundo Taciany Feitosa, vice-presidente técnica da Salvar, os produtos industrializados no mercado podem chegar a custar até R$ 1,7 mil, uma quantia financeiramente inacessível para muitos pacientes. Em contrapartida, os medicamentos fabricados pela ONG variam de R$ 150 a R$ 300, tornando-os muito mais acessíveis. Além disso, 10% da produção é reservada para pacientes em Sergipe e distribuídos por todo o Brasil.
Em 2023, uma decisão judicial sem precedentes havia concedido à associação permissão para realizar diversas atividades relacionadas à cannabis sativa para fins medicinais exclusivos. Anteriormente, apenas nove associações em todo o país tinham autorização para fornecer canabidiol na forma de óleo para pacientes com prescrição médica.
No entanto, as investigações policiais indicaram que os cinco dirigentes sociais continuavam detidos até a presente data. Alega-se que eles se aproveitaram da falta de fiscalização e da facilidade de acesso para desviar as plantas cultivadas e comercializá-las ilegalmente, cobrando preços exorbitantes. O Departamento de Narcóticos esclareceu que a associação em si não foi o foco das investigações.