Bolsonaro admite pedir refúgio em embaixada caso tenha prisão decretada por trama golpista

Indiciado pela Polícia Federal (PF) com outras 36 pessoas sob a suspeita de ter planejado um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se diz vítima de perseguição política e, em entrevista ao portal UOL, admitiu que pode pedir refúgio em alguma embaixada no Brasil caso tenha a prisão decretada.

“Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá”, disse ao portal o ex-presidente. “Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado.”

Bolsonaro admitiu, na mesma entrevista, ter conversado sobre “artigos da Constituição” com comandantes das Forças Armadas para “voltar a discutir o processo eleitoral” após a vitória de Lula (PT) em 2022, mas disse que a ideia logo foi “abandonada”.

Ele também negou ter conhecimento do plano para matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

“Para mim, é uma grande estória. A PF faz aquilo que o senhor ministro [Alexandre de Moraes] assim deseja”, afirmou na entrevista. “Que plano era esse? Dar um golpe com um general da reserva, três ou quatro oficiais e um agente da PF? Que loucura é essa? Ali no prédio da Presidência trabalham mais ou menos 500 pessoas. E eu sei o que cada um tá fazendo?”

E acrescentou: “E esse plano para sequestrar e envenenar? Pelo que sei, o Alexandre não sai de casa com menos de seis agentes do lado dele. Isso aí é até bravata. É papo de quem tem minhoca na cabeça”.

Questionado se tem medo de ser preso, o ex-presidente afirmou: “Corro risco, sem dever nada, corro risco. [o STF] Vai fazer arbitrariedade, vamos ver as consequências”.

Segundo o relatório da PF, Bolsonaro “planejou e atuou de forma direta e efetiva” na tentativa de golpe. No documento de 884 páginas, os investigadores sustentam que há “robustos elementos de prova” que indicam que o planejamento dos atos era reportado a Bolsonaro diretamente ou por intermédio de seu ajudante de ordens, o tenente- coronel Mauro Cid, que tem um acordo de delação com a Polícia Federal.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, retirou o sigilo do relatório da PF na última terça-feira (26) e enviou o material para a análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se aceita ou não a denúncia. A PGR também poderá solicitar mais investigações à PF.

Se decidir pela denúncia, caberá ao STF aceitar e iniciar o processo contra os investigados – que passarão à condição de réus, serão julgados e poderão ser condenados. Dos 37 indiciados pela PF, 25 são militares.

Se decidir pela denúncia, caberá ao STF aceitar e iniciar o processo contra os investigados – que passarão à condição de réus, serão julgados e poderão ser condenados. Dos 37 indiciados pela PF, 25 são militares.

Na entrevista ao UOL, Bolsonaro manteve o discurso de que será candidato a presidente nas eleições de 2026. “Eu vou. Sou um cidadão. Sou um réu sem crime. Fui condenado [tornado inelegível pelo TSE] sem crime nenhum”. O ex-presidente está inelegível até 2030 devido à condenação eleitoral por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições de 2022.

Na mesma entrevista, o ex-presidente disse que seu vice será “talvez um nordestino, um pau de arara, um cabra da peste”.

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