
Na semana em que deve haver a validação do tarifaço de 50% em cima de produtos brasileiros, imposto pelos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pediu que o mandatário Donald Trump “reflita a importância do Brasil”.
“Eu espero que o presidente dos Estados Unidos reflita a importância do Brasil e resolva fazer o que num mundo civilizado a gente faz: tem divergência? Senta numa mesa, coloca a divergência de lado e vamos resolver, e não de uma forma abrupta, individual de tomar a decisão que vai taxar o Brasil em 50%”, disse Lula durante a inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).
Para o presidente brasileiro, a imposição de tarifas é culpa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA desde março, e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Isso é o filho do coisa e o coisa que tá pedindo pra fazer”, disse o petista referindo-se a Eduardo e Jair.
“Os caras faziam campanha embrulhados na bandeira nacional, ‘Brasil acima de tudo, acima de tudo’ e agora ele vai para a desfaçatez ‘Brasil acima de tudo’, mas antes os Estados Unidos. É uma falta de vergonha, falta de caráter, de patriotismo”, declarou o presidente Lula.
Tarifaço
Esta semana é decisiva para o Brasil tentar negociar com os EUA a taxa de 50% anunciada por Trump no dia 9 de julho. Segundo o norte-americano, as medidas vão entrar em vigor no dia 1º de agosto, ou seja, daqui a quatro dias.
Até o momento, a tentativa de negociação, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), não trouxe resultado. Na semana passada, ele disse que conversou por 50 minutos com o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick.
“Nós conversamos com o governo norte-americano, tivemos uma conversa com o secretário de Comércio, longa, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação, e destacando que o presidente Lula tem orientado negociação, não ter contaminação política nem ideológica”, afirmou Alckmin.
No domingo (27), Howard Lutnick confirmou que as tarifas vão começar em 1º de agosto, sem prorrogações.
“Nada de prorrogações, nem mais períodos de carência. 1º de agosto. As tarifas estão definidas. Elas entrarão em vigor, a alfândega começará a cobrar, e lá vamos nós”, afirmou Lutnick em entrevista à Fox News Sunday.
No entanto, Lutnick destacou que, mesmo quando as taxas começarem, os países ainda poderão tentar negociar com o governo americano.
“Obviamente, depois de 1º de agosto, as pessoas ainda podem conversar com o presidente Trump. Quero dizer, ele está sempre disposto a ouvir. E entre agora e a data, o presidente vai conversar com muita gente. Se conseguirão agradá-lo, é outra história, mas o presidente está definitivamente disposto a negociar e a conversar com as grandes economias, com certeza”, concluiu.
Nesta segunda-feira, Lula declarou que a situação do tarifaço “é muito triste”, porque “a relação do Brasil com os Estados Unidos é muito séria”, e reiterou que o país brasileiro está aberto à negociação.
“Com muita tranquilidade, o Brasil quer negociar, não quer contestar ninguém. A gente não quer briga, a gente quer fazer comércio”, disse.
Fonte: CNN