ONU diz que emissões devem cair pela 1ª vez antes de 2030, mas ritmo ainda é insuficiente para o limite de 1,5°C

Pela primeira vez desde que o Acordo de Paris foi assinado, há dez anos, o mundo deve começar a reduzir as emissões globais de gases do efeito estufa antes de 2030. A constatação está em um novo relatório da ONU, divulgado nesta terça-feira (28), com um balanço das promessas feitas pelos países para frear a crise climática.

O documento analisou 64 novos planos climáticos nacionais, as chamadas NDCs (do inglês, Contribuições Nacionalmente Determinadas), submetidos até 30 de setembro de 2025.

COP30 – O que cada país promete para a crise do clima? O que são NDCs?

Juntos, esses planos cobrem cerca de 30% das emissões globais e servem de termômetro para medir o progresso do Acordo de Paris.

📝ENTENDA: Essas metas são o principal instrumento do Acordo de Paris para enfrentar a crise climática, e a rodada atual – chamada de NDCs 3.0 – pode ser a última chance real de manter vivo o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C.

Segundo o relatório, a implementação dessas metas deve levar a um pico das emissões antes de 2030, seguido por uma redução média de 11% a 24% até 2035, em comparação com os níveis de 2019.

É a primeira vez que o conjunto das NDCs mostra uma trajetória clara de queda, e não apenas uma desaceleração no crescimento.

a COP 30 e nosso futuro

Avanço inédito, mas ainda insuficiente

A ONU alerta, porém, que essa tendência positiva ainda está muito abaixo do necessário para conter o aquecimento global a 1,5 °C.

🌡️ENTENDA: Essa meta de 1,5°C foi estabelecida pelo Acordo de Paris para evitar impactos extremos do clima, como secas, elevação do mar e colapso de geleiras. Estudos recentes, porém, mostram que o mundo pode já ter ultrapassado esse ponto crítico.

Para que isso aconteça, as emissões precisariam cair cerca de 60% até 2035, enquanto as metas atuais resultariam em uma redução média de apenas 17%.

O documento aponta ainda que as novas metas são mais robustas, transparentes e amplas do que as anteriores, mas ainda não suficientes para mudar a trajetória do planeta.

Entre os sinais de avanço, contudo, o relatório mostra que 89% dos países passaram a definir metas que cobrem toda a economia, incluindo setores como energia, transporte e agricultura.

Além disso, 73% das novas NDCs incorporam planos de adaptação, com medidas para lidar com os impactos já em curso da crise climática.

Outro dado relevante é que 88% das NDCs foram elaboradas com base no Global Stocktake, o primeiro balanço global do Acordo de Paris, concluído em 2023.

O relatório também observa que as novas metas ampliaram a integração de temas sociais, como igualdade de gênero, participação de jovens e povos indígenas e transição justa para trabalhadores e comunidades afetadas pela mudança energética.

⚠️ “A aceleração precisa começar agora”

Stiell afirmou ainda que o Acordo de Paris “está entregando progresso real”, mas que a transformação precisa ser mais rápida e mais justa.

Segundo ele, essa nova etapa de compromissos climáticos mostra que o sistema internacional funciona, mas depende de um esforço coletivo maior, principalmente dos países desenvolvidos, para garantir que todos avancem juntos.

Por isso, a expectativa é que Belém sirva como plataforma de aceleração, onde países apresentem planos concretos para transformar metas em políticas reais, especialmente em setores que ainda concentram grande parte das emissões, como energia, transporte e agropecuária.

A COP30 precisa enviar um sinal claro: as nações continuam comprometidas com a cooperação climática, porque ela funciona, mas precisa funcionar mais rápido.

— Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, o braço de clima da ONU.

Na última semana, os ministros do Meio Ambiente da União Europeia voltaram a adiar a definição das metas climáticas do bloco para 2035 e 2040.

A decisão posterga mais uma vez a apresentação oficial das novas metas de redução de emissões no âmbito do Acordo de Paris, o que aumenta a pressão sobre o bloco para chegar ao Brasil com uma proposta concreta ambiciosa.

A Comissão Europeia propôs uma redução de 90% das emissões até 2040, rumo à neutralidade climática em 2050, mas o plano enfrenta forte resistência de países como França, Alemanha e Itália, que pedem metas mais brandas e maior flexibilidade para proteger suas indústrias.

A divisão entre os Estados-membros é vista como um entrave político e econômico. O debate inclui o uso de créditos de carbono internacionais, que permitiriam compensar parte das emissões fora do bloco.

A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, chegou a defender o mecanismo, mas organizações ambientais afirmam que isso enfraquece a integridade das metas ao transferir a responsabilidade por cortes de emissões para outros países.

Relatórios recentes indicam que cumprir a meta de 2040 exigirá cerca de 12 trilhões de euros em investimentos em infraestrutura, ampliação de redes elétricas, expansão de renováveis e eletrificação do transporte e da indústria.

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